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Até meados dos anos 1990, o Brasil trocava de moeda como quem troca de roupa. Nos anos 1980, era rotina entrar um plano econômico, com medidas radicais, dando um choque na economia. O Presidente da República e o Ministro da Fazenda apareciam tanto na televisão que ficaram mais famosos que o Tarcísio Meira. Naquela época, Cruzado não era apenas o guerreiro medieval, mas a moeda nacional. As cédulas tinham na sua frente a figura de Carlos Drummond de Andrade, Barão de Rio Branco, Juscelino Kubitschek. O peso dessas figuras históricas não era suficiente para fazer a moeda brasileira se valorizar.

Eu lembro dessa época. Meu pai tinha um Corcel branco e sempre que o governo anunciava aumento no preço do combustível, lá íamos nós no Corcel entrar na fila para completar o tanque com o preço antigo. Além do combustível, os alimentos também subiam. Tudo subia! Era um corre-corre para aproveitar para comprar antes do aumento. Se o preço não subia, as donas de casa tinham uma página do jornal em mãos para verificar se o preço da prateleira era o mesmo do tabelado pelo governo. Ai daquele que descumpria a tabela! Ai daquele que desabastecia os supermercados! Os Fiscais do Sarney estavam de olho.

Nem todo impeachment é pesadelo. O do Fernando Collor nos deu Itamar Franco, que estava decidido a fazer um plano para acabar de uma vez por todas com a inflação e estabilizar a economia. Ele chamou o então senador Fernando Henrique Cardoso para o Ministério da Fazenda. FHC formou uma equipe de economistas como Pedro Malan, Gustavo Franco, entre outros para elaborar o Plano Real. Ao contrários dos outros planos, este não teria medidas mirabolantes. Passo a passo, as mudanças foram feitas. Unidade Real de Valor, cortes nos gastos públicos. No dia 1o de junho de 1994, o Real virou real, já estava nas ruas, nos bancos, nos bolsos. O plano deu tão certo que estabilizou a economia e garantiu a eleição de FHC para a Presidência da República.

Aquele tempo de moeda saindo e entrando mais que técnico de futebol já era. Por falar em futebol, no mesmo período que o Real entrou em vigor, a seleção brasileira conquistou o tetra.