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Um homem, de 21 anos, que havia sido libertado há apenas 4 meses por envolvimento em receptação, foi novamente detido no último sábado, 27. Desta vez, ele foi preso por tentativa de homicídio contra sua ex-companheira. A vítima, de 18 anos, relatou que foi surpreendida pelo agressor na rua próxima à sua residência, em Goiânia. Após as agressões, a jovem conseguiu escapar e acionou a Polícia Militar de Goiás (PMGO).

O criminoso a atacou com golpes de capacete, levando-a a desmaiar. Posteriormente, ela foi levada de carro para a casa do agressor, onde as agressões continuaram, incluindo perseguição com uma faca. “Ele me jogou dentro do carro dele, me violentou, dando umas capacetadas, me levou pra dentro da casa dele, enquanto a família inteira viu ele me violentando e ninguém me ajudou”, disse a vítima, que não teve a identidade divulgada.

A jovem conseguiu escapar, acionando a Polícia Militar pelo número de emergência 190. Uma viatura do 30° BPM, que estava nas proximidades, respondeu rapidamente à ocorrência, localizando o agressor que havia fugido e escondido a faca.

O jovem resistiu à prisão e foi autuado por desobediência e tentativa de feminicídio, ficando à disposição da Justiça. Ele já respondia por furto, roubo e posse de drogas para consumo próprio. Como a identidade do suspeito não foi divulgada, a reportagem não conseguiu localizar sua defesa.

Feminicídio cresce pelo 4º ano seguido

Pelo quarto ano consecutivo, houve um aumento nos casos de feminicídio em Goiás. Em 2022, foram registradas 57 ocorrências desse tipo, representando um aumento de 58% em relação a 2018, quando foram contabilizados 36 casos.

O aumento nos casos de feminicídio é consistente desde 2018, ano em que foram registrados 713 casos de estupro. Entretanto, nos anos seguintes até 2021, houve uma diminuição nesse crime. Porém, no ano passado, o indicador voltou a crescer, com 322 queixas, em comparação com 278 nos 12 meses anteriores. Esses dados, que são subnotificados, refletem uma persistência da violência de gênero no estado de Goiás.

O titular da SSP-GO, coronel Renato Brum, considera que a mudança na curva está associada a uma alteração na lei. “Houve mudança recente na legislação. Atentado violento ao pudor, por exemplo, passou a ser estupro. Desta forma, crescem os registros”, argumentou durante apresentação do balanço de 2023.

O crime de feminicídio é uma qualificadora do crime de homicídio que requer a condição da violência doméstica ou o menosprezo ou discriminação à condição de mulher para que seja caracterizado. Segundo a SSPGO, por isto, “é possível que os dados hoje registrados como feminicídio possam mudar a natureza com o andamento das investigações, haja vista que o registro da ocorrência leva em consideração a verificação prévia do ato e ao longo das diligências policiais a serem realizadas no bojo do inquérito policial para confirmação de tal, os critérios específicos exigidos pela qualificadora podem não ser comprovados.”