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Na tarde do último dia 2 de dezembro, sábado, a polícia foi acionada após um corpo enrolado em um lençol, aparentemente de adolescente, ser encontrado em uma rua do Parque Hayala. Após perícia, a Polícia Civil concluiu, por meio das digitais da vítima, que se tratava de Amélia Vitória de Jesus, uma adolescente de 14 anos que saiu de casa dois dias antes para buscar sua irmã mais nova na escola e não voltou mais. Menos de dois dias depois, um artesão 38 anos foi localizado e preso, apontado como o autor do crime. Segundo a Polícia Civil, ele chegou a negar, mas acabou confessando o crime após ser confrontado com um rastro biológico invisível para leigos, mas quase “luminoso” para especialistas da área de perícia criminal e investigação forense.

Depois de analisar horas de imagens de câmeras de segurança da região, policiais civis levantaram suspeição acerca de um carro que passou na mesma rua e horário aproximado em que o corpo de Amélia foi desovado. Por volta de 17h30, esse mesmo carro foi localizado e apreendido, assim como o celular do proprietário – um pedreiro de 47 anos que responde pelo crime de estupro contra a própria enteada.

Meia hora após a apreensão do carro, por volta das 18h, equipes da Polícia Científica realizaram a necrópsia no corpo de Amélia – que já estava em decomposição – e coletaram material genético encontrado na região do órgão genital da vítima. Duas horas depois, às 20h, os peritos também foram até a casa do suspeito, onde outras diligências foram feitas.

Perícia também foi feita na casa do pedreiro, até então suspeito do crime | Foto: Polícia Científica

Banco genético

Ao meio-dia do dia seguinte, domingo, 3, o carro do suspeito passou por perícia, e por volta de 14h30, tanto o material genético encontrado no carro, que poderia pertencer à Amélia, quanto o coletado no corpo da vítima e na casa do pedreiro foram encaminhados para o Laboratório de DNA da Polícia Científica.

Questões como o histórico criminal do homem e o fato de cães farejadores terem “encontrado” o cheiro de sangue humano no porta-malas do carro do pedreiro reforçavam ainda mais a hipótese de que poderia ser ele o assassino, o que levou a um pedido de prisão preventiva dele, cumprido no domingo.

ÀS 15h do dia seguinte, segunda-feira, 4, a Polícia Científica inseriu o material genético encontrado nas genitais da adolescente no Banco de Perfis Genéticos da instituição. O que resultou disso foi o chamado “match”, e também a solução do caso: o material bateu não com o do pedreiro, mas com o de Janildo da Silva Magalhães, que havia estuprado uma jovem no ano de 2017, em Rio Verde, tendo sido preso por isso.

Uso de luminal no carro do pedreiro | Foto: Polícia Científica

À época do crime, conforme especificado em Lei, Janildo teve seu material genético coletado e incorporado no Banco Genético, o que possibilitou o “match”. A polícia localizou e prendeu o suspeito poucas horas depois em sua casa, no setor Independência Mansões, em Aparecida de Goiânia.

Já o pedreiro, antes tido como o suspeito do crime, foi liberado.

O corpo

Janildo confessou à polícia ter estuprado e matado Amélia em um barracão no Parque Hayala, na mesma região onde o corpo foi descoberto. Ele teria usado uma faca para abordar a adolescente e levá-la até o local.

Conforme apurado pela reportagem, ele revelou que a intenção, inicialmente, era deixar o corpo da vítima escondido no barracão. No entanto, após cometer o crime e voltar para casa, uma fala de sua mãe e irmã o fizeram mudar de ideia. As mulheres, sem saber do crime de Janildo, teriam lamentado o sumiço de Amélia Vitória, que até então era dada como desaparecida, e dito que, se o pior tivesse acontecido, “seria triste a família nem encontrar o corpo”.

Foi quando o suspeito voltou ao local, retirou o corpo da adolescente do barracão e o deixou na rua, até ser encontrado.

O inquérito policial deve ser concluído até o final desta semana, com o indiciamento de Janildo da Silva.

Amélia Vitória tinha apenas 14 anos quando foi assassinada | Foto: Reprodução

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