Os ataques aos prédios dos três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro do ano passado, despertaram a preocupação da polícia judiciária com a sala dos processos que concentra os processos do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Tanto os gabinetes quanto à ala administrativa do prédio, ficam em um prédio anexo ao edifício principal. Ambos são ligados por uma garagem, no subsolo do tribunal. Neste local, oito pessoas foram presas tentando invadir os gabinetes dos ministros.

A operação de “trancar” os acessos dos manifestantes foi feita por100 policiais judiciários, vindos também de outros tribunais. Por cerca de 40 minutos, eles foram os únicos a atuar no Supremo contra os mais de 4 mil manifestantes que chegaram à Corte.

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O secretário de segurança do STF Marcelo Schettini disse à Folha de S.P. que houve a preocupação também que os ministros não se deslocasse devido ao risco de um ataque coordenado e uma eventual perseguição.

“Estávamos preparados para outro cenário e, quando vimos que a Esplanada foi aberta, acendeu uma luz vermelha. Nosso planejamento já segurou um número grande de pessoas, então não se acreditava que, tendo 4.000 pessoas, alguma coisa poderia falhar. O planejamento cai igual um efeito dominó, se um falhou lá em cima, esse outro vai falhar”, disse.

Relembre o ataque

Foi quase um passeio de uma hora e meia do quartel-general do Exército – a oito quilômetros do local do crime – até o interior dos três prédios públicos mais importantes do País. A facilidade com que entraram nas instalações, quebraram vidraças e destruíram janelas, quadros, poltronas e todo o mobiliário só não foi maior do que a vergonha que o Brasil enfrentou diante da comunidade internacional. A reputação do resto de civilidade que o País tinha mundo afora depois desse quatro anos de desgoverno se evaporava enquanto os “cidadãos terroristas de bem” filmavam o próprio ato de vandalismo.

Exatamente uma semana após a vitória da democracia – a posse de todo presidente democraticamente eleito é sempre uma glória para um país –, a mesma rampa pela qual subiu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era invadida por esses “patriotas” criados com muito carinho por uma grande parte das autoridades políticas e de segurança.

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Menos de uma semana depois, exatamente 1.398 deles foram detidos, triados e encaminhados para os presídios masculino – Centro de Detenção Provisória (CDP), no Complexo Penitenciário da Papuda – e feminino – Penitenciária Feminina (Colmeia) do Distrito Federal. A lista completa de todos eles, com nomes e datas de nascimento, foi disponibilizada pela Polícia Federal e se encontra acessível a qualquer brasileiro.

Antes, porém, de serem levados para o complexo penitenciário, os “patriotas” foram recolhidos no QG e, em dezenas de ônibus, encaminhados, para identificação, a um ginásio da PF, onde ficaram por menos de três dias – portanto, não precisaram aguardar 72 horas. Foi tempo suficiente para, com os mesmos celulares que os incriminaram, fazer vídeos e postar nas redes sociais reclamando do tratamento que estavam recebendo – comida de marmita, falta de energia elétrica, banheiro coletivo, espaço reduzido etc. No mundo paralelo que criaram, trataram a própria situação como a de prisioneiros de um campo de concentração, obviamente ofendendo toda a comunidade judaica internacional.

Depois de tomados os depoimentos, 684 pessoas foram liberadas e 1.159 encaminhadas para os presídios. Juntaram se a esse contingente os mais de 200 que já saíram algemados da Praça dos Três Poderes.

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