O vereador por São Paulo, Thammy Miranda (PL), explicou sua assinatura na CPI das ONGs na Câmara paulistana, que tem como suposto foco a atuação filantrópica do padre Júlio Lancellotti, da Paróquia de São Miguel Arcanjo, na Cracolândia. Thammy afirmou que o nome do religioso não constava no requerimento e que não teria assinado caso soubesse que o trabalho do padre seria investigado.

“Em nenhum momento foi citado o nome do padre no requerimento, se tivesse jamais teria assinado porque defendo o trabalho dele. O padre está lá para ajudar as pessoas, nós estamos do mesmo lado. O que está acontecendo é uma grande fake news, o vereador (Rubinho Nunes) está fazendo campanha política em cima”, se defendeu.

O filho da cantora Gretchen elogiou o trabalho de Júlio Lancellotti, e expressou esperança de contar com o apoio do padre na recuperação humanitária da região central de São Paulo. “Acredito que 90% dos vereadores que assinou não são contra o padre, assinaram com a intenção de proteger os usuários e as pessoas que moram em torno. Nossa intenção é de proteger e inclusive com a ajuda do padre”, afirmou.

Apesar de ser da base do prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições municipais, Thammy negou ser um parlamentar conservador.

“Gosto de ajudar e cuidar das pessoas. Acredito que viemos ao mundo para servir”, revelou. Após saber que a CPI teria como alvo Júlio Lancellotti, Thammy anunciou que apresentará um requerimento para retirar seu apoio.

CPI

Nas redes sociais, o vereador tornou-se um dos tópicos mais discutidos com acusações de traição ao padre. Isso ocorre porque, em agosto de 2020, Júlio Lancellotti defendeu Thammy quando políticos da extrema-direita, como o deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atacavam o filho de Gretchen por sua participação em uma campanha de Dia dos Pais da marca Natura.

“O que ofende a tal moral cristã? O pai trans que cuida de seu filho? Ou o abandono, a fome, o desrespeito, o veto ao auxílio emergencial às mães que criam seus filhos sozinhas?”, criticou o padre à época.

A iniciativa da CPI é do vereador Rubinho Nunes (União Brasil) e visa principalmente duas entidades que realizam trabalho comunitário na população de rua e nos dependentes químicos da região: o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar) e o coletivo Craco Resiste.

Nunes acusa o padre de fazer parcerias com essas entidades. “Existe uma chamada máfia da miséria para obter ganhos por meio da boa-fé da população e isso não é ético e nem moral. O padre Júlio é o verdadeiro cafetão de miséria em São Paulo. A atuação dele retroalimenta a situação das pessoas. Não é só comida e sabonete que vai resolver a situação”, disse.

Em suas redes sociais, Padre Júlio Lancellotti negou qualquer relação com as organizações mencionadas.

“Esclareço que não pertenço a nenhuma Organização da Sociedade Civil ou Organização Não Governamental que utilize de convênio com o Poder Público Municipal. A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que por sua vez, não se encontra vinculada de nenhuma forma, as atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para criação da CPI em questão”, alegou.

Veja o Requerimento para a abertura da CPI:

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