Já imaginou comer um pãozinho de forma no café da manhã antes de ir para o trabalho e acabar sendo multado por embriaguez ao volante? Pois é, isso pode ocorrer. De acordo com a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), algumas das marcas de pão mais consumidas no Brasil tem teores elevados de álcool. Em três delas, o nível foi alto o suficiente para que o consumidor corra risco de ser reprovado no bafômetro caso consuma somente duas fatias.

As análises envolveram 10 marcas que são líderes de vendas no segmento. Visconti, Bauducco, Wickbold 5 Zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve e Panco – tiveram um teor alto que levaria a marca a ser considerada alcoólica caso houvesse uma legislação semelhante à das bebidas, que estabelece um limite de 0,5% do teor para ser não alcoólica.

Além delas, Seven Boys e Wickbold tiveram taxas elevadas, entre 0,5% e 0,35%, mas que não são suficiente para a regra das bebidas e volante. As únicas marcas que não reprovaram nenhuma medida foram a Pullman e a Plusvita.

Marca% MedidoSituação segundo regra das bebidas
Bauducco1,17Não Conforme
Visconti3,37Não Conforme
Panco0,51Não Conforme
Plus Vita0,16Conforme
Seven Boys0,5Conforme
Wickbold 5 zeros0,89Não Conforme
Wickbold Leve0,52Não Conforme
Wickbold SG0,66Não Conforme
Wickbold0,35Conforme
Pulmann0,05Conforme

Entre as marcas que podem reprovar com apenas duas fatias dos pães, a concentração de álcool é superior a 0,44g da substância, o que segundo a estimativa da Proteste a partir das regras do Detran, seria suficiente para infringir as leis de trânsito.

“Temos a certeza de que esses produtos com elevado teor alcoólico (para a categoria pão de forma) seriam evitados por numerosos consumidores – seja por motivos de saúde, orientação religiosa e outros – se fosse de seu conhecimento o que pudemos constatar com rigoroso teste realizado em laboratório devidamente acreditado, envolvendo amostras das principais marcas vendidas no Brasil. Por isso, criamos a campanha ‘Se tem Álcool, todo mundo tem direito de saber’, porque é nossa obrigação sermos mais transparentes com os consumidores”, defende Henrique Lian, diretor executivo da Proteste.

Fermentação é o segredo

A fabricação dos pães envolvem o processo de fermentação, onde os açúcares da massa são transformados em álcool etílico e gases. Grande parte desse álcool evapora ainda no forno, porém algumas indústrias diluem conservantes para evitar o mofo e garantir a integridade do pão. Quando esse processo é feito em excesso, pode levar a teores elevados de etanol, diz a Proteste.

A associação enviou um ofício com os resultados da pesquisa para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sugerindo que fosse estabelecido um percentual máximo de álcool nos pães.

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