A vacina contra dengue, recém incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS), ainda não tem data para chegar em Goiás, informou a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). O primeiro lote da Qdenga, com 460 mil doses para todo o País, deve atender o grupo prioritário de pessoas entre 6 e 16 anos de idade, além dos municípios com maior taxa de infecção.

No entanto, enquanto aguarda definição, o Estado foca em estratégias para combater o Aedes aegypti. A SES implantou a sala de situações para arboviroses como parte da estratégia de combate ao mosquito vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya, durante o período chuvoso que iniciou em dezembro e segue até por volta do mês de fevereiro.

A sala de situação trabalha com reuniões semanais para elencar os municípios prioritários, onde deverão ser reforçadas as ações de combate ao vetor. O objetivo é ainda intensificar a testagem para as arboviroses no Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO) para garantir melhor panorama das doenças no Estado e preparar as equipes de saúde para as ações necessárias.

Escala reduzida

A Comissão Intergestores Tripartite (CIT) do Ministério da Saúde deve se reunir em 1º de fevereiro para definir a distribuição e estratégia de vacinação para o Brasil. O imunizante não será utilizada em larga escala em um primeiro momento, pois, o laboratório fabricante, Takeda, tem uma capacidade restrita do fornecimento das doses. São esperadas, até novembro, 5 milhões de doses para todo o País.

A vacina é aplicada em duas doses.

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A vacina Qdenga é aprovada para a prevenção da dengue em indivíduos na União Europeia (UE)/Espaço Econômico Europeu (EEE) — incluindo todos os Estados-Membros da UE e Irlanda do Norte, bem como países do EEA (Islândia, Liechtenstein, Noruega) e Grã-Bretanha.

Nesses países, a orientação é vacinar os viajantes para áreas endêmicas. Indonêsia e Tailândia também aprovaram o registro da vacina, assim como a Argentina, que ainda não incorporou o imunizante ao sistema de saúde local.

Cidades goianas não vão receber estratégia

Uma das estratégias adotadas pelo MS para conter a proliferação da dengue, zika e Chicungunha não deve ser implementada em Goiás. Conhecida como Wolbachia, a estratégia será levada para seis municípios brasileiros: Devem receber os mosquitos Natal (RN), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC).

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A técnica, que consiste em distribuir mosquitos que não transmitem o vírus para tentar conter a doença, tem uma eficiência de 77% na redução da transmissão de casos. As ações iniciaram no Rio de Janeiro (RJ) e em Niterói (RJ), em uma área que abrange um milhão e 300 mil habitantes. Em Niterói, dados preliminares já apontam redução de até 77% dos casos de dengue e 60% de chikungunya nas áreas que receberam os Aedes aegypti com Wolbachia, quando comparado com áreas que não receberam.

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Capacitações

Além do monitoramento e capacitações em vários municípios, a SES-GO realizou capacitação em ações de controle químico, nos dias 11 e 12 de dezembro, nos municípios da Regional Entorno Sul, incluindo a equipe de Águas Lindas de Goiás.

Também foram deslocadas duas equipes com quatro técnicos e equipamentos de nebulização UBV veicular da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa) para realização de quatro ciclos de bloqueio químico no município, que começou no último dia 18 de dezembro e vai até 13 de janeiro. Um mecânico da Suvisa também foi enviado para instalação de equipamento de nebulização UBV veicular, adquirida por Águas Lindas, para reforço das ações de controle químico.

Uma equipe, composta por dez técnicos da Suvisa, foi enviada para realização das ações de manejo ambiental, para identificação e eliminação de criadouros em Águas Lindas de Goiás, com dois veículos tipo van para transporte das equipes de Regional Entorno Sul e do município para as atividades de manejo ambiental.

Em relação à assistência, a SES-GO também vai orientar os municípios na organização de espaços estratégicos e alternativos para atendimento, estabelecendo um fluxo bem definido para regular os casos graves.

Unidades como Centro Estadual de Atenção Prolongada e Casa de Apoio Condomínio Solidariedade (Ceap-Sol), Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária (HDS) e Hospital Estadual de Jaraguá Dr. Sandino de Amorim (Heja) serão organizados para retaguarda de internação para dengue, deixando o HDT para os casos mais graves e complexos, além da disponibilização de uma equipe de telemedicina para apoiar os médicos das equipes de assistência.

Os dados da regulação, como solicitação de vagas com códigos relacionados a arboviroses, serão utilizados como indicadores e acompanhados diariamente, redirecionando as políticas como o envio de insumos e medicamento para municípios que mudarem sua categorização de risco.

Confira a nota na íntegra

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) informa que aguarda a divulgação de nota técnica do Ministério da Saúde (MS) sobre a incorporação da vacina contra a dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS). Até agora, não há nenhuma definição sobre a distribuição, estratégias de vacinação, grupos e regiões prioritárias, entre outras informações, por parte do Ministério da Saúde. A previsão, de acordo com o que foi divulgado pelo diretor do Programa Nacional de Imunizações (PNI), Eder Gatti, é de que todas essas definições aconteçam na próxima reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), no dia 1º de fevereiro.

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