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Investigações apontam para o envolvimento de um policial no crime, pela sofisticação no planejamento do atentado   

Delegado titular da Delegacia de Investigações Criminais (DEIC), Valdemir Pereira divulgou nesta terça-feira (20/9), um vídeo que mostra o suspeito de ter enviado artefato explosivo à um escritório de advocacia no Setor Marista, em Goiânia, em julho deste ano.

Em coletiva de imprensa, o responsável pelas investigações do atentado, que teve como vítima o advogado Walmir Cunha, afirmou que o crime foi planejado e executado com precisão, o que leva à suposição de que um policial pode estar envolvido.

“Pelo estágio da investigação, percebe-se que o crime foi muito bem planejado, praticado por um profissional, e tudo indica que há um policial envolvido nesta trama criminosa. O homem que enviou o explosivo é um senhor com idade aproximada de 60 anos de idade, que estamos empenhados em identificá-lo”, afirmou.

A gravação de câmeras de vigilância no Jardim Guanabara mostram o suspeito com uma bolsa, dentro da qual estaria a bomba, supõe a polícia. Para os investigadores, outro indício de suspeição é a maneira como o homem estava vestido. ‘’O suspeito usou vários disfarces para não ser identificado. Além de boné, camisa com mangas e troca de mochila, para dificultar a sua identificação ele também usava uma tala no braço. O que pode indicar um real problema no membro ou que ele ocultava uma arma”, afirmou o delegado.

As investigações partiram do depoimento do motoboy que fez a entrega do pacote. Assim que ficou sabendo do incidente, o entregador procurou a polícia e afirmou que não sabia do conteúdo da encomenda e ainda ajudou nas investigações, fornecendo informações sobre o emissário do pacote.

Através das informações, os policiais chegaram ao local e às imagens da câmera de segurança.  “O motoboy é inocente. Cabe dizer que a pessoa que entregou esta bomba ao motociclista usou de vários disfarces, colocou propositadamente uma tala no braço direito. Tudo indica que ele colocou isso para disfarce. Em outros momentos, quando ele percebia a câmera de vigilância ele abaixava a cabeça”, disse o delegado.

 

Relembre o caso

Na tarde do dia 15 de julho deste ano, Walmir Cunha recebeu uma encomenda em seu escritório de advocacia no setor Marista, em Goiânia. Pensando se tratar de uma caixa de vinho, presente que costuma receber de um cliente português, o advogado começou a abrir a caixa, mas viu fios e percebeu que se tratava de uma bomba. Avisou a secretária, que segurava o embrulho e ficou paralisada. Walmir voltou, então, para a mesa, pegou a caixa e ao tentar arremessá-la para o outro lado da sala, a bomba explodiu.

Com a explosão, o advogado acabou perdendo três dedos da mão esquerda, sofrendo diversas queimaduras pelo abdômen e uma fratura exposta na perna. Desde então, ele já passou por oito procedimentos cirúrgicos e deve passar por mais um nos próximos dias.

Nesta terça-feira (20/9), o advogado encaminhou uma nota à imprensa na qual diz que está confiante nas investigações da Polícia Civil e que as conclusões do inquérito divulgadas “só confirmam a hipótese inicial de que a motivação para o crime está ligada à sua atuação profissional, o que atinge também toda a sociedade com a tentativa de cerceamento da atuação de advogados na defesa dos direitos e demandas da população.”