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Agora filiado ao PP, o senador disse que nenhum dos processos aprovados na antiga Seplam foi executado. Vereadores aprovaram convocação dele para depoimento

Alegando não estar à frente da Orca Construtora há tempos, o senador Wilder Morais, agora no PP, afirmou ao Jornal Opção Online que perdeu dinheiro ao investir na construção de edifício residencial em Goiânia. “A Orca não construiu nenhum empreendimento e só gastou dinheiro com isso. A empresa não tem benefício com nada”, avaliou.

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O neo-pepista se refere à unidade habitacional de 480 apartamentos, na Avenida Olinda, no Setor Fazenda Gameleira, próximo ao Paço Municipal. O processo de liberação do alvará de construção foi protocolado na extinta Secretaria Municipal de Planejamento (Seplam) durante a gestão do ex-prefeito Iris Rezende (PMDB).

Como revelou o Jornal Opção Online no dia 18 de agosto, a documentação é alvo de investigação na CEI das Pastinhas, da Câmara de Vereadores de Goiânia, que apura supostas irregularidades na emissão de alvarás entre 2007 e 2010. De acordo com Wilder, os processos apresentados na antiga Seplam foram aprovados regularmente, mas nenhum foi executado.

O senador foi citado na CEI após Kellen Mendonça Santos assumir em depoimento que foi contratada para assinar o projeto arquitetônico e urbanístico da unidade habitacional. Ela era chefe do Departamento de Aprovação de Projetos da pasta na época. Wilder foi convocado para oitiva, mas não há data marcada. A servidora foi contratada por R$ 10 mil, preço considerado abaixo do mercado naquele período — atualmente está afastada dos quadros da prefeitura.

A suspeita é a de que Kellen analisava a juntada de documentos de interesse particular e da Orca, com a garantia posterior de aprovação de seu ex-chefe Douglas Branquinho Braga, responsável pelo Departamento de Análise e Aprovação de Projetos (Daap).

Tramitação a jato

Outro ponto investigado é a suposta celeridade que Kellen teria dado ao processo de liberação de alvará da Orca usando de sua influência como chefe de departamento. Conforme documentos que a reportagem teve acesso, o pedido protocolado no dia 18 de outubro de 2007 ficou parado até 12 de agosto de 2010 com a pasta vazia. Nesse intervalo, passaram-se dois anos, nove meses e 25 dias.

No dia 12 de agosto a então diretora foi contratada, conforme registro no então Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea). Passados 72 dias, a autorização foi concedida à incorporadora. Normalmente, um cidadão comum enfrenta burocracia, podendo a resposta demorar mais de três anos.

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